Na ocasião do lançamento da Orquestra Filarmônica de Curitiba, que aconteceu no último dia 24, conversamos com o maestro italiano Alessandro Sangiorgi, principal regente convidado da Ópera Nacional de Sofia (Bulgária), que esteve por aqui especialmente para participar do concerto.
Sorttie – Como está o cenário da música erudita na Itália?
Sangiorgi – O cenário na Itália, e na Europa em geral, está muito complicado em relação à economia. A cultura evidentemente sofre com isso. A grande tradição nos vários países europeus salva um pouco a situação, mas a crise é muito evidente.
Sorttie – Qual a importância do patrocínio cultural na realização de concertos atualmente?
Sangiorgi – Numa visão contemporânea de gestão cultural é imprescindível o apoio de empresas, especialmente para iniciativas de grande porte. O Brasil neste sentido é privilegiado, pois as Leis de Incentivo à Cultura são excelentes. Parabéns, inclusive ao HSBC, por ter compreendido o valor da proposta da Orquestra Filarmônica de Curitiba. Será fundamental para o futuro da Filarmônica que este apoio se consolide e seja ampliado. A grande vantagem desta orquestra é a independência do poder público e, consequentemente, da política, podendo assim traçar suas metas exclusivamente seguindo critérios de excelência artística.
Sorttie – Qual a importância da Orquestra Filarmônica de Curitiba?
Sangiorgi – Acho fundamental que a capital de um Estado, importante como o Paraná, possa contar com várias realidades musicais. Até agora somente a Orquestra Sinfônica do Paraná e a Camerata Antiqua de Curitiba, grupos institucionais, são responsáveis pela programação musical da cidade e do Estado. Se pensarmos que Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais têm várias orquestras em atividade, podemos entender bem a importância do nascimento de uma nova orquestra em Curitiba.
Sorttie – A Filarmônica tem músicos mais velhos e também mais novos. É uma característica da Orquestra a entrada da nova geração?
Sangiorgi – Novos espaços certamente criam novas oportunidades. E jovens de talento e bem preparados serão nova linfa para a Filarmônica.
Sorttie – O que você sente quando volta a reger em Curitiba? Qual a sua relação com a cidade?
Sangiorgi – Durante os nove anos nos quais estive à frente da Orquestra Sinfônica do Paraná, percebi cada vez mais o apoio e o carinho da cidade e do Estado, com um público sempre maior e fiel, que nos aplaudiu constantemente. Carinho e estima que percebo, ainda hoje, quando recebo cumprimentos no aeroporto, nos bares e restaurantes de Curitiba, nas lojas e até nas ruas. É uma grande alegria poder reencontrar o “meu público”.
O concerto teve patrocínio do Ministério da Cultura e do HSBC e realização da Dançar Marketing & Comunicações e do Observatório das Artes.
Fotos Daniela Carvalho