Flores Manu Daher: a natureza das suas obras de arte

Manu Daher: a natureza das suas obras de arte

Florista desde criança, ela fazia pequenos buquês com flores silvestres das matas da cidade de Morretes. Em 2003, abriu sua primeira loja, a Engenho, para comercializar sua arte. Para ela a arte é inspiração e a natureza seu corpo e sua forma.

Como construiu seu olhar para a natureza? Isso é herança de quem?
Sem dúvida muito do que sou é inspirado nos meus, na minha família. E a natureza para nós é um valor natural, espontâneo. Vivemos muitos momentos felizes nos rios, montanhas, matas da cidade pequena de onde viemos. Cresci brincando na rua, descalça, cheirando flores e sempre me senti muito parte da natureza. É onde eu me encontro, me acalmo, me inspiro, lembro de mim. Então, olhar para a natureza é como olhar para mim mesma.

Como seus antepassados influenciam em quem você é profissionalmente?
Muito, muito. Minha mãe tem um bom gosto extraordinário, minha vó super habilidosa, caprichosa. Esses dias soube que uma das minhas bisavós tinha muito jeito para arrumar as flores nos vasos da casa. (Achei tão legal.) Mas o olhar artístico que vivenciei nessa família foi o que realmente fez toda a diferença no meu trabalho. Sempre observei as pessoas vivendo, olhando para a vida, de uma forma artística. Família de almas sensíveis.

Quais outras formas de arte te dão mais munição pra sua jornada criativa?
As artes visuais especialmente, e elas estão em todos os lugares… Literatura, o livro que estou lendo no momento sempre permeia tudo o que faço, mesmo que bem sutilmente. A música me emociona, às vezes uma ideia abstrata pode surgir. Pela dança tenho um carinho especial tanto por ver quanto por dançar. E a arquitetura fundamentalmente.

Qual o mistério da mistura de secos e molhados? Grandes e delicados?
Gosto de juntar os extremos. O resultado contrastante fica evidente e impactante. Também acho interessante o fato de misturar o vivo e o não vivo dando assim uma sobrevida à composição. Quando o vivo já não está mais vivo é a vida do não vivo que eterniza o belo.

Como trata as aparas, os restos e rejeitos dos seus arranjos?
Com muito respeito. Primeiro tento usar ao máximo o material. Todo o resíduo natural é aproveitado. Caules velhos, picamos, secamos e usamos no fios de gravetos. Pétalas feias secamos e elas se transformam em belas forrações para algumas embalagens. Tento não embalar os arranjos, mas as pessoas sentem falta, então usamos algumas alternativas menos poluentes como o plástico biodegradável, papel reciclado e madeira.

Quais os nomes das suas mais recentes descobertas e encantamentos florais e botânicos?
No momento estou encantada com as pequenas e peculiares flores que nos alimentam de uma forma mágica, como a flor do açafrão ou a flor do amendoim, por exemplo. Estou também totalmente apaixonada pela coleção de cactos gigantes do Jardim Majorelle. Acompanho atentamente a pesquisa do Azuma Makoto, genial.

Sobre maturidade de trabalho, o que te interessa explorar nessa fase da vida?
Quero fazer o trabalho cada vez mais artisticamente e colocá-lo assim no mercado. As oportunidades realmente tem sido maiores nesse sentido. As instalações tem sido grandes e não mais efêmeras. Já tenho algumas obras espalhadas por aí. Para o futuro estou projetando um curso online, e mais a longo prazo, um livro.

Manu Daher Flores
Encomendas: 41 99174-2414

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